Chegada: City Tour em Lençóis (27/12/2011)
Partimos da capital baiana às 23h, rumo à capital da Chapada Diamantina: Lençóis. Passando por Itaberaba, centro comercial da região, a Real Expresso nos deixa pela madrugada, aproximadamente às 5h.
Recepcionados por Paulo César, o pai dos quadriciclos, ou da chamada expedição off road, conhecemos um espaço acolhedor com raízes fortes: pedra e madeira são a base de sua constituição. “Pousada das Árvores”. Esse foi o nosso lar durante três dias intensos e inesquecíveis.
Com um estilo rústico e colonial ao mesmo tempo, o cantinho das árvores revela o poder da criatividade: num terreno íngreme, cômodos transformam-se em lares temporários para os visitantes. Quartos, piscina, área de lazer e cozinha com uma arquitetura peculiar fazem referência à cultura da região e à influência europeia do período áureo das lavras diamantinas.
O primeiro dia foi destinado ao city tour, um agradável passeio pelo centro de Lençóis e arredores. Acompanhados pelo condutor local José Carlos, um dos integrantes da agência Lentur, conhecemos igrejas; o mercado cultural e o centro comercial da cidade; os prédios do Banco do Brasil e dos Correios, com sua arquitetura tipicamente colonial; o câmpus avançado da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), presente há mais de dez anos na Chapada Diamantina, desenvolvendo pesquisas na área de Geociências e Botânica; a antiga prefeitura, atualmente sede do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN); o coreto; a quadra destinada ao forró; a atual prefeitura e Câmara de Vereadores, estas últimas localizadas lado a lado e feitas de pedras; dentre outras construções tombadas e preservadas ao longo dos séculos.
Em seguida, foi a vez da Gameleira, local onde o rio é aproveitado pelas lavadeiras; do reduto das areias coloridas, que dão cor e forma a lindos desenhos estampados em garrafas de vidro de tamanhos variados; da cachoeira da Primavera e da Cachoeirinha, com suas respectivas belezas naturais: poço transparente e queda d’água que refresca e renova as energias.
A atuação em rede pode ser destacada como um dos pontos fortes da região, afinal, conhecemos o roteiro “Volta ao Parque em 5 dias” pela internet, através da “Kabana de Pedra”, agência com sede em Andaraí; desembarcamos em Lençóis e fomos recepcionados pela equipe da Lentur. Pousadas, restaurantes e condutores empenhados em apresentar os atrativos para um casal jovem, cheio de curiosidade pelo novo e pelo desbravamento à moda da casa: trilhas, banhos e city tours.
O contato entre nativos e turistas, na maioria dos casos, proporcionou a troca de experiências e a prosperidade de alguns municípios, em especial, de Lençóis. Por toda a Chapada é comum encontrarmos cantinhos mágicos, idealizados pelos “de fora” e levantados pelos “de dentro”, numa parceria que tem continuidade na relação trabalhista: patrão/empregado ou empreendedores nativos que fazem a diferença pelo saber adquirido e reconfigurado ao longo dos anos. São filhos de garimpeiros, quilombolas, novas gerações, numa mistura de trabalhadores que fazem o que gostam para sobreviver ou apenas incrementar a renda familiar.
O contato entre nativos e turistas, na maioria dos casos, proporcionou a troca de experiências e a prosperidade de alguns municípios, em especial, de Lençóis. Por toda a Chapada é comum encontrarmos cantinhos mágicos, idealizados pelos “de fora” e levantados pelos “de dentro”, numa parceria que tem continuidade na relação trabalhista: patrão/empregado ou empreendedores nativos que fazem a diferença pelo saber adquirido e reconfigurado ao longo dos anos. São filhos de garimpeiros, quilombolas, novas gerações, numa mistura de trabalhadores que fazem o que gostam para sobreviver ou apenas incrementar a renda familiar.
1º Dia (28/12/2011)
Fumaça e Riachinho - Vale do Capão
Em média 1h de viagem de carro: 30min pela BR 242 e o restante pela estrada de chão. Agora, além de José Carlos, Américo se junta ao trio como motorista no trajeto até o lugar mais alternativo da região: o Vale do Capão. Pelo caminho, avistamos a entrada para o Mucugezinho e o Poço do Diabo, além do Morro do Pai Inácio, nome que homenageia o antigo líder de candomblé dono das terras. Todos esses lugares seriam apreciados no terceiro dia de passeio.
Como já conhecíamos a famosa Fumaça, com sua queda d’água alucinante: gotículas que se refazem em arco-íris e amenizam o cansaço da subida, preferimos descansar, curtindo o visual da vila e adquirindo os produtos da casa: a deliciosa pimenta com mel, na Pizza Integral Capão Grande, e um saboroso açaí. No retorno para Lençóis, paramos para um revigorante banho no Riachinho, sob o céu azul e alta temperatura. A trilha é curta, porém perigosa por causa dos barrancos sem proteção. Todo cuidado é pouco para chegarmos sãos e salvos, a fim de apreciar, dentre outras belezas, o reflexo das nuvens nas águas.
Fumaça e Riachinho - Vale do Capão
Em média 1h de viagem de carro: 30min pela BR 242 e o restante pela estrada de chão. Agora, além de José Carlos, Américo se junta ao trio como motorista no trajeto até o lugar mais alternativo da região: o Vale do Capão. Pelo caminho, avistamos a entrada para o Mucugezinho e o Poço do Diabo, além do Morro do Pai Inácio, nome que homenageia o antigo líder de candomblé dono das terras. Todos esses lugares seriam apreciados no terceiro dia de passeio.
Como já conhecíamos a famosa Fumaça, com sua queda d’água alucinante: gotículas que se refazem em arco-íris e amenizam o cansaço da subida, preferimos descansar, curtindo o visual da vila e adquirindo os produtos da casa: a deliciosa pimenta com mel, na Pizza Integral Capão Grande, e um saboroso açaí. No retorno para Lençóis, paramos para um revigorante banho no Riachinho, sob o céu azul e alta temperatura. A trilha é curta, porém perigosa por causa dos barrancos sem proteção. Todo cuidado é pouco para chegarmos sãos e salvos, a fim de apreciar, dentre outras belezas, o reflexo das nuvens nas águas.
Reflexão:
Fixos num ponto do mundo, amigos, familiares e laços que não desejam estar separados. Do outro lado, viajantes, mochileiros, em busca de um lugar perfeito que jamais existirá... Rastafaris com coca-cola e cerveja na mão? Looks arrojados, desde roupas fora do comum a cabelos transados. Estrangeiros quase nativos telefonando pelo Skype e turistas que aproveitam a lan house para salvar os registros da viagem. Terrenos encarecidos, veículos que vão e vêm sem parar, ponto marcado nos mototaxistas... São apenas algumas das mudanças observadas na rotina deste vale mágico, enquanto houver cachoeira, sol e dinheiro, afinal, quem vive sem ele na era pulsante da globalização?
Fixos num ponto do mundo, amigos, familiares e laços que não desejam estar separados. Do outro lado, viajantes, mochileiros, em busca de um lugar perfeito que jamais existirá... Rastafaris com coca-cola e cerveja na mão? Looks arrojados, desde roupas fora do comum a cabelos transados. Estrangeiros quase nativos telefonando pelo Skype e turistas que aproveitam a lan house para salvar os registros da viagem. Terrenos encarecidos, veículos que vão e vêm sem parar, ponto marcado nos mototaxistas... São apenas algumas das mudanças observadas na rotina deste vale mágico, enquanto houver cachoeira, sol e dinheiro, afinal, quem vive sem ele na era pulsante da globalização?
2º Dia (29/12/2011)
Mucugezinho, Poço do Diabo e Morro do Pai Inácio - Lençóis
Gruta Azul, Pratinha e Lapa Doce - Iraquara
Às 8h partimos de carro rumo ao Mucugezinho e ao Poço do Diabo, integrantes da cidade de Lençóis, onde se pode praticar rapel e tirolesa a taxas de R$30 e R$20. Na entrada da trilha, pousada, restaurante e loja de artesanato, com belos porta-retratos de pedra, atraem a atenção dos turistas, além dos micos, com sua graça e espontaneidade próprias.
Durante a caminhada, atravessamos uma ponte improvisada: apenas dois pedaços de madeira e uma espécie de corrimão para apoio. Poucos minutos depois, avistamos a queda d’água e a equipe de instrutores que dão um gás na coragem escondida, proporcionando minutos de adrenalina e a superação de desafios.
Mucugezinho, Poço do Diabo e Morro do Pai Inácio - Lençóis
Gruta Azul, Pratinha e Lapa Doce - Iraquara
Às 8h partimos de carro rumo ao Mucugezinho e ao Poço do Diabo, integrantes da cidade de Lençóis, onde se pode praticar rapel e tirolesa a taxas de R$30 e R$20. Na entrada da trilha, pousada, restaurante e loja de artesanato, com belos porta-retratos de pedra, atraem a atenção dos turistas, além dos micos, com sua graça e espontaneidade próprias.
Durante a caminhada, atravessamos uma ponte improvisada: apenas dois pedaços de madeira e uma espécie de corrimão para apoio. Poucos minutos depois, avistamos a queda d’água e a equipe de instrutores que dão um gás na coragem escondida, proporcionando minutos de adrenalina e a superação de desafios.
Ainda em Lençóis, subimos o Morro do Pai Inácio, a fim de ter uma visão panorâmica da região, registrando as silhuetas das diferentes elevações, bem como representantes da flora e fauna locais. A flor do maracujá e o beija-flor quietinho no ninho são espetáculos à parte.
No início da trilha, como na maioria dos lugares da Chapada, há uma sede de voluntários que mantêm a limpeza do morro e monitoram os visitantes diariamente. Como contrapartida, uma contribuição simbólica por parte dos turistas. No local, também são vendidos alguns produtos, como água e suco natural, importantes para amenizar o cansaço da subida.
No início da trilha, como na maioria dos lugares da Chapada, há uma sede de voluntários que mantêm a limpeza do morro e monitoram os visitantes diariamente. Como contrapartida, uma contribuição simbólica por parte dos turistas. No local, também são vendidos alguns produtos, como água e suco natural, importantes para amenizar o cansaço da subida.
Se a Chapada já foi fundo do mar? É o que os geólogos afirmam. “E exemplos disso são algumas formações rochosas, como esta, que lembra o rabo de uma baleia”, dizia o guia Américo, único que nos acompanhou neste dia. A beleza da paisagem e a temperatura agradável pelo vento intenso alongariam o passeio pelo topo do Pai Inácio, não fossem os lugares ainda por conhecer e o tempo escasso.
Então, partimos para almoçar no posto Carne Assada e, posteriormente, visitamos a Gruta Azul, a Pratinha e a Lapa Doce, esta última uma das maiores cavernas do Brasil, que garante o título de maior acervo espeleológico da América do Sul ao município de Iraquara. Já a Gruta Azul, caracteriza-se pelas águas transparentes e seus tons azulados, iluminadas pelos raios de sol, que colorem esse reduto natural.
Então, partimos para almoçar no posto Carne Assada e, posteriormente, visitamos a Gruta Azul, a Pratinha e a Lapa Doce, esta última uma das maiores cavernas do Brasil, que garante o título de maior acervo espeleológico da América do Sul ao município de Iraquara. Já a Gruta Azul, caracteriza-se pelas águas transparentes e seus tons azulados, iluminadas pelos raios de sol, que colorem esse reduto natural.
Na Pratinha, a estrutura construída pelos donos do terreno (restaurante, sorveteria e pousada; tirolesa, passeio a cavalo, pedalinho e caiaque, a preços de R$10) merece os R$15 da taxa de entrada. Um outdoor com fotografia do mergulho, bem como os murais com mapas explicativos sobre o lugar e a paisagem encontrada ao final de uma leve caminhada, dá as boas-vindas.
Por aqui parece que sempre tem turistas: casais, grupos, famílias, amigos... Paulistas, cariocas, goianos, estrangeiros e tantos outros visitam constantemente a Chapada Diamantina. Viajantes do mundo, ávidos por experiências inovadoras e informações, e, nesta época do ano, pessoas em busca da tranquilidade deste cantinho do Brasil, cheio de atrativos para começar o ano com mente e corpo renovados.
Por aqui parece que sempre tem turistas: casais, grupos, famílias, amigos... Paulistas, cariocas, goianos, estrangeiros e tantos outros visitam constantemente a Chapada Diamantina. Viajantes do mundo, ávidos por experiências inovadoras e informações, e, nesta época do ano, pessoas em busca da tranquilidade deste cantinho do Brasil, cheio de atrativos para começar o ano com mente e corpo renovados.
Nosso último passeio é na Gruta da Lapa Doce, com suas estalactites e estalagmites que ocupam, por vezes, os 30m de altura e chegam a pesar toneladas. Segundo o guia local que nos conduziu pela escuridão da gruta, explicando as diferentes formas e os nomes de batismo de cada uma delas, 1m³ de espeleotema chega a pesar 1t. O condutor nos informa também sobre a fama deste cenário, onde diversas gravações de novelas, como “Pedra Sobre Pedra”, filmes e programas de aventura já foram feitas.
Na entrada do ponto de apoio, fotografias em quadros reúnem a variedade de pessoas que já passarem pela Lapa Doce, dentre elas, atores e apresentadores de televisão. Logo em seguida, um documento indaga sobre condição física: traumas com lugares fechados? Problemas de coração?
Tudo pronto, começa uma leve caminhada por onde os chamados “mocós”, parentes das capivaras em menor tamanho, vivem aos montes. Quanto mais nos aproximamos da gruta, um ar condicionado natural nos envolve. De acordo com o guia, a temperatura fica em torno dos 22°C. Pelo caminho, os morcegos aparecem, porém, com o constante fluxo de visitantes, preferem manter uma certa distância.
Nas formações, enxergamos asas de anjos, presépio, água-viva, medusa, seios, leão e tudo mais que a imaginação permitir. Foi 1h de caminhada pelas areias da gruta, munidos com lanternas, ao lado da máquina fotográfica que tentava, desesperadamente, encontrar um foco de luz para congelar aquele momento especial.
Na entrada do ponto de apoio, fotografias em quadros reúnem a variedade de pessoas que já passarem pela Lapa Doce, dentre elas, atores e apresentadores de televisão. Logo em seguida, um documento indaga sobre condição física: traumas com lugares fechados? Problemas de coração?
Tudo pronto, começa uma leve caminhada por onde os chamados “mocós”, parentes das capivaras em menor tamanho, vivem aos montes. Quanto mais nos aproximamos da gruta, um ar condicionado natural nos envolve. De acordo com o guia, a temperatura fica em torno dos 22°C. Pelo caminho, os morcegos aparecem, porém, com o constante fluxo de visitantes, preferem manter uma certa distância.
Nas formações, enxergamos asas de anjos, presépio, água-viva, medusa, seios, leão e tudo mais que a imaginação permitir. Foi 1h de caminhada pelas areias da gruta, munidos com lanternas, ao lado da máquina fotográfica que tentava, desesperadamente, encontrar um foco de luz para congelar aquele momento especial.
3º Dia (30/12/2011)
Pantanal Marimbus, Fazenda Roncador e Rio Garapa – Lençóis/Andaraí
O dia amanhece nublado. Na noite, uma forte chuva assolou os municípios da Chapada. Em Andaraí, a população ficou sem luz e internet. Para este dia, a expectativa era grande, já que, até o momento, não tínhamos feito uma travessia de canoa de mais de 1h com todas as nossas bagagens a bordo. Arriscaríamos o passeio pelo pantanal?
Através do caminho off road, uma árvore caída. Primeiro obstáculo do passeio. Pedimos socorro à “Pousada das Árvores”, que, prontamente, envia um funcionário no quadriciclo, com machado e facão. Após a retirada da árvore, o caminho parece livre para a chegada no pantanal, no entanto, vários troncos e galhos se espalham pelo caminho, aumentando o número de paradas até à comunidade quilombola de Remanso, onde um nativo ajudou Américo no remo.
Pantanal Marimbus, Fazenda Roncador e Rio Garapa – Lençóis/Andaraí
O dia amanhece nublado. Na noite, uma forte chuva assolou os municípios da Chapada. Em Andaraí, a população ficou sem luz e internet. Para este dia, a expectativa era grande, já que, até o momento, não tínhamos feito uma travessia de canoa de mais de 1h com todas as nossas bagagens a bordo. Arriscaríamos o passeio pelo pantanal?
Através do caminho off road, uma árvore caída. Primeiro obstáculo do passeio. Pedimos socorro à “Pousada das Árvores”, que, prontamente, envia um funcionário no quadriciclo, com machado e facão. Após a retirada da árvore, o caminho parece livre para a chegada no pantanal, no entanto, vários troncos e galhos se espalham pelo caminho, aumentando o número de paradas até à comunidade quilombola de Remanso, onde um nativo ajudou Américo no remo.
Na canoa, a paisagem vai se delineando: vitórias-régias, baronesas, borboletas, aves e as espumas do rio produzem cores e sons que se confundem com nossas conversas e momentos de contemplação. Segundo o nativo, onça, jacaré e piranha são bastante encontrados pelo minipantanal, que, em suas águas, reflete o azul do céu e a brancura das nuvens após um dia de chuva intensa.
“Ancoramos” e caminhamos por uma pequena faixa de areia até chegar ao ponto que atravessaríamos o rio com as bagagens, molhando o corpo da cintura para baixo. Logo depois, uma caminhada mediana, com algumas pedras e ladeiras pelo percurso, para, enfim, desembarcarmos na Fazenda Roncador, com o rio de mesmo nome, localizado atrás da casa de apoio. Por conta da forte chuva, o rio estava com a correnteza forte e o fluxo maior de água. Do local para banho, ficam apenas fotografias e lembranças.
Após um almoço caseiro com direito a apanhari, peixe típico do lugar, licor de pimenta verde, feito pela família da fazenda, e uma rapadura de cor escura e superdoce como sobremesa, partimos para Andaraí em veículo 4 x 4, observando a lama da estrada e as árvores caídas pelo chão. Paramos para um banho no Rio Garapa, com seus vários poços e quedas d’água. Pelo caminho, nosso novo guia, o paulista Carlos, da agência “Kabana de Pedra”, explica aspectos físicos e culturais da região, como o fortalecimento da agricultura familiar enquanto fonte de renda.
Segundo ele, Andaraí foi uma cidade que insistiu no garimpo, e ainda hoje pratica essa atividade em escala industrial. Menos desenvolvido que os demais municípios da Chapada, a Rio dos Morcegos, como é conhecida, possui cachoeiras e as famosas areias do Paraguaçu, onde há mais de 20 anos é comemorada a virada do ano, atraindo visitantes das cidades circunvizinhas. A paisagem é bonita, mas não esconde o grave problema ambiental: assoreamento dos rios, pela intensa ação dos garimpos ao longo dos séculos.
Segundo Carlos, na sede do município, um lapidário demonstra que diamante ainda é realidade e o quanto a população é pacata e pacífica. Janelas abertas apresentam grandes riquezas de um lugar onde todos se conhecem e os que não respeitam as regras são banidos do grupo.
Em terra de morcegos, nossa primeira parada foi na toca de mesmo nome, a Batcavern, de onde se avista uma barragem através do mirante construído em local estratégico. No início da pequena subida, uma loja de artesanato com pedras é destaque.
Segundo ele, Andaraí foi uma cidade que insistiu no garimpo, e ainda hoje pratica essa atividade em escala industrial. Menos desenvolvido que os demais municípios da Chapada, a Rio dos Morcegos, como é conhecida, possui cachoeiras e as famosas areias do Paraguaçu, onde há mais de 20 anos é comemorada a virada do ano, atraindo visitantes das cidades circunvizinhas. A paisagem é bonita, mas não esconde o grave problema ambiental: assoreamento dos rios, pela intensa ação dos garimpos ao longo dos séculos.
Segundo Carlos, na sede do município, um lapidário demonstra que diamante ainda é realidade e o quanto a população é pacata e pacífica. Janelas abertas apresentam grandes riquezas de um lugar onde todos se conhecem e os que não respeitam as regras são banidos do grupo.
Em terra de morcegos, nossa primeira parada foi na toca de mesmo nome, a Batcavern, de onde se avista uma barragem através do mirante construído em local estratégico. No início da pequena subida, uma loja de artesanato com pedras é destaque.
Sem muitos leitos, restaurantes e lanchonetes, Andaraí não oferece tantas opções ao turista. No entanto, por causa da sua localização, próxima ao Vale do Pati, geralmente está no roteiro dos grupos de aventureiros de todo o mundo. E foi justamente no início da trilha que Dª Rita, filha de garimpeiro, construiu o “Solar da Serra”, nossa nova morada durante os últimos dias de passeio.
Com chalés, uma réplica da toca de um garimpeiro e da casa da Branca de Neve e dos 7 Anões, além do jardim com flores coloridas e gramíneas que formam um verdadeiro tapete pelo caminho, a senhora desenvolve a simpatia e mantém a jovialidade. Residente de Feira de Santana, permanece em Andaraí apenas na alta estação, recebendo hóspedes com o espírito familiar, como costuma dizer.
Com chalés, uma réplica da toca de um garimpeiro e da casa da Branca de Neve e dos 7 Anões, além do jardim com flores coloridas e gramíneas que formam um verdadeiro tapete pelo caminho, a senhora desenvolve a simpatia e mantém a jovialidade. Residente de Feira de Santana, permanece em Andaraí apenas na alta estação, recebendo hóspedes com o espírito familiar, como costuma dizer.
Após o desembarque e a reorganização das malas, uma volta pela cidade reforça a presença da história. Algumas placas e construções guardam os resquícios da era colonial. Por outro lado, o patrimônio arquitetônico não foi preservado tão bem quanto em outros locais da Chapada, o que deixou o tombamento para segundo plano.
No restaurante da “Kabana de Pedra”, o arvorismo e a tirolesa montadas pelo paulista são boas opções para quem chega na cidade. Com redes que garantem o descanso durante a espera do pedido, o lugar torna-se ainda mais acolhedor.
Hollywood e Rio de Janeiro também estão aqui, afinal, Andaraí está estampada no topo da serra com letras graúdas e brancas ao lado de um pequeno Cristo Redentor, caminho para mais trilhas e cachoeiras.
No restaurante da “Kabana de Pedra”, o arvorismo e a tirolesa montadas pelo paulista são boas opções para quem chega na cidade. Com redes que garantem o descanso durante a espera do pedido, o lugar torna-se ainda mais acolhedor.
Hollywood e Rio de Janeiro também estão aqui, afinal, Andaraí está estampada no topo da serra com letras graúdas e brancas ao lado de um pequeno Cristo Redentor, caminho para mais trilhas e cachoeiras.
4º Dia (31/12/2011)
Cachoeira do Buracão - Ibicoara
Pela estrada afora, quilômetros e quilômetros de extensão, altitude crescente (mais de 1.000 metros acima do nível do mar) e fazendas que se perdem de vista, reforçando o progresso de poucos. Estamos seguindo para Ibicoara, o conhecido Barro Branco, centro de hortifrutigranjeiro e referência na produção de café. Nas trilhas que margeiam a região, é obrigatória a presença de guias locais integrantes da Associação dos Condutores de Visitantes de Ibicoara - ACVIB.
O misticismo do Capão também existe por aqui. Pelas roças da estrada íngreme de chão, uma espécie de oca de cor branca serve para meditação. Próximo dali, já houve boatos da chegada de discos voadores e um encontro mundial cultural, com gente dos quatro cantos do planeta.
Após horas pela estrada, que oscila do asfalto ao barro, chegamos ao ponto de apoio da trilha, único local ecologicamente correto pela presença de banheiros secos. Nosso guia, John Lenon, descreve detalhes do que encontraríamos: o rio Mucugezinho de Ibicoara, Espalhado, Cachoeira das Orquídeas e , esta última brotando das pedras sem aparente continuidade, não fosse o poço do Buracão, formado pelo encontro de todas essas águas.
Cachoeira do Buracão - Ibicoara
Pela estrada afora, quilômetros e quilômetros de extensão, altitude crescente (mais de 1.000 metros acima do nível do mar) e fazendas que se perdem de vista, reforçando o progresso de poucos. Estamos seguindo para Ibicoara, o conhecido Barro Branco, centro de hortifrutigranjeiro e referência na produção de café. Nas trilhas que margeiam a região, é obrigatória a presença de guias locais integrantes da Associação dos Condutores de Visitantes de Ibicoara - ACVIB.
O misticismo do Capão também existe por aqui. Pelas roças da estrada íngreme de chão, uma espécie de oca de cor branca serve para meditação. Próximo dali, já houve boatos da chegada de discos voadores e um encontro mundial cultural, com gente dos quatro cantos do planeta.
Após horas pela estrada, que oscila do asfalto ao barro, chegamos ao ponto de apoio da trilha, único local ecologicamente correto pela presença de banheiros secos. Nosso guia, John Lenon, descreve detalhes do que encontraríamos: o rio Mucugezinho de Ibicoara, Espalhado, Cachoeira das Orquídeas e , esta última brotando das pedras sem aparente continuidade, não fosse o poço do Buracão, formado pelo encontro de todas essas águas.
Ibicoara também tem a Fumacinha, Véu de Noiva e o Lagão, porém, o espetáculo do Buracão, com seus cânions sinuosos, encantam e assustam. Sobre pedras ou nas águas, os turistas escolhem coletes ou roupas de banho comuns, até chegar à queda d´água de mais de 100m de altura.
Após a aventura, voltamos para Andaraí para curtir e a virada do ano, longe da agitação das areias do Paraguaçu. Fugindo da folia, aproveitamos para desfrutar das belezas do “Solar”, interagindo com a natureza presente na pousada.
Após a aventura, voltamos para Andaraí para curtir e a virada do ano, longe da agitação das areias do Paraguaçu. Fugindo da folia, aproveitamos para desfrutar das belezas do “Solar”, interagindo com a natureza presente na pousada.
5º Dia (01/01/2012)
Projeto Sempre-Viva e Cemitério Bizantino - Mucugê
Galeria Arte & Memória e Vila de Igatu
Buquês que resistem a 100 anos de idade. Essa é uma das utilizações das chamadas sempre-vivas, flores endêmicas na região. A segunda maior fonte de renda para os nativos após a decadência do diamante, essas plantas atualmente se encontram em risco de extinção. Sua principal característica é a sobrevivência após a colheita e o tingimento. É como se continuassem presas às raízes, conservando sua típica beleza.
Projeto Sempre-Viva e Cemitério Bizantino - Mucugê
Galeria Arte & Memória e Vila de Igatu
Buquês que resistem a 100 anos de idade. Essa é uma das utilizações das chamadas sempre-vivas, flores endêmicas na região. A segunda maior fonte de renda para os nativos após a decadência do diamante, essas plantas atualmente se encontram em risco de extinção. Sua principal característica é a sobrevivência após a colheita e o tingimento. É como se continuassem presas às raízes, conservando sua típica beleza.
Bastante utilizadas em casamentos, as flores são estudadas, preservadas e recuperadas pelo projeto de mesmo nome, com sede na cidade erguida no centro da Serra do Sincorá. E é para este lugar, de onde o conhecimento aflora, que o nosso passeio segue.
Recebidos por uma das voluntárias, aprendemos sobre as peculiaridades das sempre-vivas e o andamento das pesquisas desenvolvidas por estudiosos das UEFS e da Universidade Federal da Bahia (UFBA). No espaço destinado aos visitantes, além de laboratório e Museu do Garimpo, tem-se estande com guloseimas e artesanato; dormitório para os pesquisadores, bem como réplica de casa de garimpeiro. Tudo ali aproveita o relevo: as pedras são paredes e estantes; as madeiras, camas, e assim por diante.
Recebidos por uma das voluntárias, aprendemos sobre as peculiaridades das sempre-vivas e o andamento das pesquisas desenvolvidas por estudiosos das UEFS e da Universidade Federal da Bahia (UFBA). No espaço destinado aos visitantes, além de laboratório e Museu do Garimpo, tem-se estande com guloseimas e artesanato; dormitório para os pesquisadores, bem como réplica de casa de garimpeiro. Tudo ali aproveita o relevo: as pedras são paredes e estantes; as madeiras, camas, e assim por diante.
Nos arredores do projeto, há trilhas para as cachoeiras Piabinha e Tiburtino, e flores, muitas flores, que nos acompanham durante todo o trajeto. São as conhecidas canelas-de-ema, brincos-de-princesa, bromélias, samambaias e uma infinidade de espécies.
No rol das cidades mais ricas do país. Esse já foi o título de Mucugê, hoje bastante rica pela agricultura realizada por famílias de fazendeiros. Pela forte presença das pedras, a dificuldade de escavar sepulturas propiciou o surgimento de um dos mais curiosos cemitérios do país, o Santa Isabel. Os corpos são enterrados em espécies de pequenos castelos de cor branca no sopé da serra. A sua classificação como bizantino tem várias versões, desde a semelhança com as capelas brancas de cúpulas bizantinas à influência de mercadores que viviam na cidade no auge do ciclo do diamante. Patrimônio arquitetônico de cenografia única no Brasil.
E para fazer jus à fama do cemitério, os nativos criaram o hábito de levar os bêbados em um carrinho-caixão. Parece estranho, mas por aqui é algo natural. Com o passar dos anos, o transporte ficou estacionado numa das praças da cidade, mas o costume continua atraindo a atenção dos visitantes.
E para fazer jus à fama do cemitério, os nativos criaram o hábito de levar os bêbados em um carrinho-caixão. Parece estranho, mas por aqui é algo natural. Com o passar dos anos, o transporte ficou estacionado numa das praças da cidade, mas o costume continua atraindo a atenção dos visitantes.
A sede de Mucugê foi o segundo local visitado no último dia da nossa “Volta ao Parque”. Em seguida, tivemos o privilégio de pisar na Machu Picchu brasileira. Igatu, a vila das pedras, antiga cidade dos garimpeiros, abandonada após a decadência do ciclo de diamantes.
Com pouco mais de 400 habitantes, o local guarda resquícios daquele período áureo. Pedras estão por todos os lados, em especial, em tocas e antigas casas dos desbravadores. Tombada pelo IPHAN, a vila possui um museu a céu aberto, a Galeria Arte & Memória, com relíquias e exposições de artistas plásticos de diferentes partes do mundo.
Com pouco mais de 400 habitantes, o local guarda resquícios daquele período áureo. Pedras estão por todos os lados, em especial, em tocas e antigas casas dos desbravadores. Tombada pelo IPHAN, a vila possui um museu a céu aberto, a Galeria Arte & Memória, com relíquias e exposições de artistas plásticos de diferentes partes do mundo.
A estrada que liga a Andaraí também é feita de pedras. Caminho íngreme, com 6km de extensão, realizado num tempo muito maior do que se espera: na subida, cerca de 1h.
Cheios de informação, experiências instigantes e sentimento de renovação, retornamos para a cidade dos morcegos para “voar” de volta para Jacobina, no Piemonte da Chapada, sob o comando da Falcão Real. Apesar do cansaço da viagem de volta, cerca de 9h, com direito à escala no povoado do Zuca e passagem por diversas cidades e lugarejos, dentre eles Ruy Barbosa, Jequitibá, Mundo Novo, Piritiba e Miguel Calmon, desembarcamos na Terra do Ouro e resolvemos não perder o ritmo. Mochila nas costas rumo à Cachoeira do Brito e ao distrito de Itaitu.
Chapada Diamantina, o coração da Bahia, centro de belezas inesquecíveis e experiências de vida singulares.
Vale a pena conhecer cada cantinho desta região encantadora!
Cheios de informação, experiências instigantes e sentimento de renovação, retornamos para a cidade dos morcegos para “voar” de volta para Jacobina, no Piemonte da Chapada, sob o comando da Falcão Real. Apesar do cansaço da viagem de volta, cerca de 9h, com direito à escala no povoado do Zuca e passagem por diversas cidades e lugarejos, dentre eles Ruy Barbosa, Jequitibá, Mundo Novo, Piritiba e Miguel Calmon, desembarcamos na Terra do Ouro e resolvemos não perder o ritmo. Mochila nas costas rumo à Cachoeira do Brito e ao distrito de Itaitu.
Chapada Diamantina, o coração da Bahia, centro de belezas inesquecíveis e experiências de vida singulares.
Vale a pena conhecer cada cantinho desta região encantadora!
DICAS ÚTEIS
AGÊNCIAS:
HOSPEDAGEM:
GUIAS DE TURISMO:
RESTAURANTES:
PROJETOS:
AGÊNCIAS:
HOSPEDAGEM:
GUIAS DE TURISMO:
- Associação dos Condutores de Visitantes de Ibicoara – ACVIB
RESTAURANTES:
- Pizza Integral Capão Grande
PROJETOS:
- Sempre-Viva
- Galeria Arte & Memória